Thursday, June 28, 2007

gravidamente obscura


O seu olhar apatetava-se em caretas despropositadas – também o meu.

Sinto-me suja de tanta complexidade – mas até gosto.

A sua beleza não é negra, mas está grávida de uma cor obscura.

Torturo silhuetas quando estou sózinha – a vingança é um acto simbólico. No fim ninguém se vinga efectivamente de ninguém. Só sombras vingando-se de sombras.

Utilizo o riso como um rigor vitalicio.

A palavra coração desperta em mim a predadora adormecida.

Uso a negação como muita gente se veste com roupas escuras – mas prefiro sem sombra de dúvidas as cores claras.

Antes puta que pudibundo modelo de beleza.

Se me tiveres perdes-me. A posse encalha-me nos consumíveis. E eu sou bastante desperdiçável.

Ou és livre ou de mim não te livras. Mesmo quer isto só se passe num livro.

Encaracolo-me no nada, como quem retorna ao nascimento.

Frisar coisas. Frisar cabelos. Free...

A magia adicional reside apenas na vontade de te tocar furtivamente?

A vontade é aditiva – soma abundâncias ao que já é abundante. É neste sentido que se justifica a sobreabundância como uma fatalidade.

Não deixes que os Icaras fiquem por baixo.

Posso achar tudo uma excepção – e no que me diz respeito estou a mais. Mas isso não me incomoda nadinha.

Os desenganos têm a prova facilitada, como os alunos estudiosos. Desenganemo-nos consequentemente dos desenganos.

Os castrados elevam a voz como se esta saísse de um buraco no meio da cabeça – nós elevamos o peito, para que a voz saia por todo o corpo – transpiradíssima.

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