Thursday, June 28, 2007

o duche e o dossel


Sentia-me bastarda sempre que me duchava.

Nenhuma era arquitectada com o acidente sofre da falta de pompas.

Desmaiam para o bem os que palitam os dentes para o crime.

Há quem confunda altas velocidades com heresias. Estas aparecem frequentemente na vizinhança da imobilidade.

Afundo-me no dossel para me honrar externamente – faltam espelhos expressivos (ou expansivos) à eternidade.

Se o absoluto é uma esfera poderei deixar de lhe ver os hemisférios ou outras corriqueiras divisões? Quando nomeio o absoluto surge a mosca – e há nos rios de tinta que a ontologia faz correr muito cheiro nauseabundo.

Uma alma forrada com pele verdadeira... de quê?

A minha amante esbranquiça-se noite após noite – e sinto-me soberana dessa branquidão algo protocolar.

A serpente já sente a carcassa do hipopótamo.

Ateia-me! Minete de ateia. Matei-a?

Agora és a herdeira bronzeada de uma beleza escarlate – dedicas-lhe momentos de braseado pudor porque sabes que o respeito é bastardo da imoderação.

A arte pedes labirintinas dissonâncias, altas e expeditas, sujas como a natureza, pulcras sempre que possível – embora a beleza acene como um crime vindouro.

Não sou dissoluta nem vibro na desonra. No fundo sinto-me uma morcega africana que prefere as horas frescas para sair dos buracos.

Cada acto de criação nos apunhá-la, porque ao substituir um pormenor substitui devagarinho o resto do mundo.

Falsas estimas – ligas de licra.

Omissa como uma música que nos esbofateia só porque nos recorda outras músicas com letras canalhas.

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