Wednesday, June 27, 2007

politonalidades verdejantes


Fitas o zodiaco com ganâncias de alquimista só para enganares os anos – os signos abanam o teu orgulho – e entras numa beleza muito agitada como num refrescante barulho.

Para seres a floresta onde rejenuvescemos terás que verdamente arder.

O instante perverte a beleza porque abole os contornos da figura em favor da concentração – assim as formas se dissolvem no brilho de quem se entrega ao olhar – e tudo o mais é subterraneo ornamento.

Maquilho porque quero partilhar ilusões, como as páginas com frontões das seiscentistas iconologias – é certo que falseio o que é conceito, fazendo-o pastar sem mansidão em selvas de metáforas.

Sou idolatra, pois amo sobretudo o que se dá a ver, adorávelmente – como sumérias deusas que deixam o sexo descoberto na sombra bem fresca de uma palmeira.

Farfalhudas venturas, folhosas excelências, frases que balançam na verdura fremente de algo rocaille...

Não partilho as sádicas jouissances de Juliette – a crueldade é vertigem de um teísmo que se despe apressadamente de deus, sem se despedir dos deus recursos – e eu há muito que moro numa politonalidade hedonista.

Eu não exprimo a beleza como quem a leva a passear de coleira a uma salada poética algo hermética – quando penso nos membros desmembro-me – a mão, o pé, as unhas, o corpo venusiano, a testa que desce até ao olho, e o nariz como um pico que me muda os quereres, e as covas que se inclanam para me darem a satisfação de me querem.

A actualidade arregala-me – a moda, na sua hábil incoerência, é como uma profecia consumada – é ela que me dá uma sofreguidão membranosa.

A montanha pariu escamosos medos, e o mundo alargou-se em arredores otomanos onde posso amolecer almofadadamente em drogas arábicas.

Incertezas balsâmicas – provadas uma a uma, como aperitivos tomados nos momentos em que apetece.

A morte subscreve insultos, mas livra-nos de uma velhice em que não cessamos de repetir juvenis façanhas com uma melancolia podre.

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