Wednesday, June 27, 2007

silva de fábulas cromáticas


O cordeiro humedece o Uno, mas o lobo torna o Múltiplo mais lúbrico. Nós somos o interlúdio erótico dessa bizarra fábula.

O inverno faz das ausências maníaca saga. Ou empresta-nos, para consolo, musica magra.

O prazer do ano flirtando com as sucessivas estações!

Não sei remover o verão quando surfo nas inclemências cavernosas dos invernos.

Sei adolescer em tempo de colectas – o mapa das emoções não é arbitrário.

Coliges esperanças alheias, mas não sabes se as deves publicar.

A abundância descaída dos fãs.

E à infilhada silva do múltiplo alguém entrega orfãos do disperso.

O carinho, por vezes tão maçador nas estações da moleza, é inibido pelo inverno, mas resiste nas alcovas aconchegadas.

Não quero saber do branco suplicante dos lírios porque lhe prefiro o vermelho salpicante das bacantes.

O prazer desfila com a sua cáfila carregada de especiarias, e eu penso que as cores são mais profundas que os conceitos, e que as iluminuras iluminam os nossos jogos, e que tudo faz um complot para que a vida parece mais desenhada.

O teu violento dialecto arrebata-me violetamente.

A sua respiração e o cheiro que destilava vergavam todos os juízos possíveis, invadindo-me de uma simpatia mais absorvente que a morte.

O orgulho roxo, na verificação ingénua dos teoremas práticos, amacia as intermitências àcidas da complexidade.

Um desespero andrógino, branco no que é espinhoso, mas escarlate nas destemperadas ofegações.

Vingas-te, através dos incondicionamentos do sexo das reticências com que te flirtava – e até a minha respiração já anexaste.

Comia-a até a morte, como um figo que deseperou de ser verde.

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