Monday, June 25, 2007

as vantagens do fauno


Gosto mais que mo digam pelas costas, pois assim poderei desfrutar da sobreabundancia das baixesas.

Cultivas o cinismo como quem distribui galhardetes.

Soerguemo-nos da partita da dor – a musica não sabe conservar segredos.

Posso, acima de tudo, doar-te alguma ausência, ainda que envolta na confusa teia de fragmentadas presenças.

Do enjaulado teorema crescem as vacilantes deduções – mas terás que o soltar, porque as provas do amor não se alicerçam em nenhuma geometria ideal.

Confundimos julgamentos com afectos, mas os tribunais são invenções tardias, e a afectação é uma próximidade animal que nos muda arrepiadamente a partir do pelo ou da pele.

Tenha-me assim como te teve - alisadora ideal de desenvoltos dramas.

Esperamos que a matéria acorde para reinar em lugar do sonho do rei.

Quando o sal das dúvidas salgar o tutano por onde se esgueira a consciência eu saberei saboreá-lo, porque onde a dúvida não pasta grassa o deserto insonso do desinteresse.

Não tenho método, tenho olho. E sobrancelhas a enfeitá-lo!

A servidão venal afadiga-me em lutas nada angélicas, mas a adversidade também é fabrica de virtudes.

O fauno que te afaga é o ferimento que nos refaz em arte.

A sua fraqueza de polvo tem tentáculos em partes desconhecidas do teu corpo.

A contabilidade de uma história tem versões que nascem nas mais ternas desatenções.

Perder-te é um imperativo que me faz mais gloriosa e menos apressada.

A vantagem é a despertença, que me mostra as coisas mais despertenciosas.

Carregamos as palavras como erros, embora estas queiram passar por potênciais ferimentos.

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