Friday, July 13, 2007

safando-nos de safo


Safo, a nossa velha amiga, não terá sido a primeira a mostrar o amor como corpo fremente pela escrita, mas é aquela que nos chega até hoje como uma voz que grande parte da escrita amorosa persegue e ecoa - é impossível desviarmo-nos dela, mesmo ignorando-a. Por isso também a traduzimos em velocidade, em colaboração com os demónios internéticos. Muito menos traída que o nosso Guilherme, também fomos mais descuidadas e impróprias na desgarrada apropriação. Mas não queriamos morrer sem uma atenção, mesmo descuidada, à poetisa de Lesbos, pastora de extremismos amorosas. E assim de safo nos safamos.


Afrodite, de Kronos emergente espuma, tu que assentas no brilhante trono e que sabes habilmente dispôr dos enganos de amor, imploro-te, não asfixies o meu peito sob o peso de tristezas e dores. Mas primeiro acede às minhas preces como quando antes me socorreste, deixando o palácio de teu pai e descendo sobre o tanque dourado. Teus elegantes passaros levam-te do Olimpo através dos ares agitando rápidas asas. Logo que chegarem os melismas da tua divina boca, ò deusa, interroga-me com palavras flamejantes!
Ah! Quantos tormentos dão pasto de chamas ao meu coração! E o que é este desejo de me fazer perdida? Porque é que busco novas ligações amorosas? "Quem ousaria ofender-te ò Safo! Se hoje te fujires, amanhã te farás buscada; se ela se recusa e a teus dons se esquiva, cedo se oferecerá de bandeja, se hoje se enoja amanhã procurar-te-á com redobradas ganas, mesmo que o não queiras!” Vem, vem, desde agora, ò deusa, emergir-me nesta selva cruel de tormentos! Que os desejos acampem em meu coração!

Não me recuses o teu diligente socorro! Pareces-me igual aos deuses, quando em teu redor sentada, devagar, escuto doces palavras e acolho o teu sorriso incendiário. Eis o que me perturba até ao fundo do peito. Mal te ponho os olhos erm cima, a voz não acompanha meus lábios, a língua desata-se, uma chama subtil corre em todas as veias, as minhas orelhas sentem o tremor, um suor frio inunda-me, o meu corpo freme, fico mais pálida que a erva desvanecida, a respiração esgota-se, e parece que estou perto de expirar. Mas é necessário ousar dado que a necessidade é bem maior que a criatura...


Todas as companheiras cortaram corajosamente os belíssimos cabelos sobre o seu túmulo.

Se Zeus quisesse dar uma rainha às flores, a rosa seria a rainha de todas as flores. Continua o ornamento da terra,a mais bela das plantas, a menina dos olhos das flores, o esmalte dos prados, beleza suave e incontestável: exala o amor, atrai e fixa Afrodite: todas as folhas são charmosas; o seu botão avermelha e entreabre com uma graça infinita e sorri déliciosamente aos amorosos Zéfiros.

Inclemente é o caminho da posteridade.

Sombras não aquecem nem recordam sombras.

Vem às nossas deliciosas refeições, mãe do Amor, vem preencher de um néctar agradável a nossa dourada corte; que a tua presença faça nascer a alegria no meio dos teus convivas e dos meus.

O amor vencedor dos obstáculos perturba-me e agita-me. É um pássaro suave e cruel; a ele não me sei opor.

Atis, é-me agora ignóbil – seus quereres voltaram-se para a bela Andromeda.

A lua e Pléiades estão deitadas: a noite dispôs já metade do seu curso, e eu, infeliz, estou só na minha cama, acabrunhada em tristezas...

Ò minha terna mãe, não posso, infelizmente afadigar-me em lavores de donzela: a temível Vénus subjugou-me imperiosa, e o meu violento amor para com esta jovem ocupa-me inteiramente. Como é que esta mulher grosseira e sem arte pode encantar o meu espírito e amarrar meu coração? Não sabe mesmo deixar flutuar a graça e os panejamentos dos finjimentos!

Luto e lágrimas não devem grassar nas casas do poeta: é uma fraqueza indigna dos servidores de Apollon.

A criatura que é sómente bela, é-a apenas por um dado tempo. Olha-se-a e pronto. Mas a criatura sábia e boa é inacabadamente bela.

Para mim, que gosto de uma vida frívola e voluptuosa este amor e seus prazeres presentes não me impedem de fazer acções brilhantes e honestas. Não sou de um carácter impetuoso e fervilhante. O meu espírito pelo contrário é tranquilo e calmo. As riquezas sem a virtude não se safam de censuras; mas desdenhar da virtude e as riquezas, aí está o cúmulo da felicidade.

O ouro é filho de Jupiter, não oxida, nem os vermes corroem este metal, que fascina caprichosamente os mortais.

Noivos felizes: vosso casamento realiza a vontade de antigos desejos. Possuam-se as jovens belezas que se desejam! Arquitectos, dai mais elevação a estas portas, porque o noivo que avança é semelhante ao deus da guerra: eleva-se mais que o maior dos grandes. Ajuntai-vos todos, e oferecei libações fazendo votos de felicidade aos noivos. Nunca uma rapariga numa hora assim foi tão extrema em beleza.

Crepusculo, trazes contigo todas as felicidades: és a hora em que a terra se deixa abraçar pelo olhar ligeiro, encaminhas os rebanhos maternamente. Crepusculo, reúnes todos os seres que a Aurora com sua luz dispersou.


Virgindade, virgindade, para onde te foste quando me abandonaste?
A ti não voltarei, não voltarei jamais!

Vinde aqui Musas, derramai a vossa luz!
Vinde agora, Graças delicadas, e vocês Musas de resplandecente cabeleira...
Vinde castes Graças aos braços de rosa, vinde, filhas de Zeus! ...

Alaúde divino, responde os meus desejo, torna-se harmonioso! ...

É ti, Calliope... Os desdéns esticam-te a corda e espicaçam-me a verve.

O amor agita o meu coração como o vento agitou as folhas dos carvalhos sobre as montanhas...

Voaria sobre o cume elevado das tuas montanhas e lançar-me-ia entre os teus braços, para que teus suspiros me ensadeçam...

Inflamas-me... esqueces-te da minha inteireza trágica. Gostas das outras como se pusesses o inesquecível numa prateleira.

Põe coroas de rosas sobre os teus bonitos cabelos; caminha com os dedos delicados a estrada rodeada de ciúmes...

A bela jovem que se atulha de flores parece ainda mais graciosa.

As vítimas ornadas de flores são agradáveis aos deuses, desprezando todas as que não se deixam entronar pelas grinaldas...

Vou cantar agora arias melodiosas que farão destemidas as minhas amantes.

O roxinol anuncia a primavera pelos seus aveludados sons...

Várias grinaldas e várias coroas de flores cercavam o seu pescoço...

O Amor é filho da terra e do céu...

A Persuasão é venal rapariga...

Congratula-te, jovem esposa: congratula-te, noivo invejável!...

Amigo, têm no que diz respeito a mim; que os vossos olhos brilham de qualquer seu fogo e qualquer sua graça...

A água fresca de um riacho murmura devagar sob os ramos destes pomares...

Dormi deliciosamente este meu sono nos braços da adortável Citéria...

O barulho das fodas nas folhas agitadas dissipou o meu sono...

Os seus cantos eram muito mais suaves que o som da lira, e eram bem mais preciosos que o ouro mais puro...

Amor, ministro velhaco da maravilhosa Vénus...

Estas pombas tímidas sentiam a sua coragem resfriar-se; deixavam cair languidamente suas asas cansadas...

Cumprimentem de minha parte a rapariga de Polyanacte...

A Aurora de ténis de ouro desponta já no horizonte...

Todas as cores se confundiam no seu rosto...

A lua iluminava um céu cheio...

As estrelas escondem os seus fogos brilhantes na vizinhança da lua: quando perfeitamente arredondado, este bonito astro ilumina a terra...

O sono amolecia as suas pálpebras...

Que os ventos levem a malícia alheia...

Serviços extra a outras amadas fazem-me mais profundas as feridas...

Deliciosa Vénus, enviei-te dos ornamentos da púbere côr púrpera: são deveras preciosos: é a vossa Sappho que te oferece estes agradáveis presentes...

Não a tenho em consideração até a voltar a desejar...

A vossa disponibilidade devolveu-me a integridade...

Não me ocupam somente coisas meticulosas...

Sim é um mal morrer, porque se não fosse desgraça, os deuses teriam morrido há já muito tempo...

Na cólera, nada convem melhor que o silêncio: quando se acalmam os seus transportes é necessário ainda retractar a língua e não nos entregarmos discursos inúteis e empolgados...

Os pais desta jovem beleza guardada com tanto cuidado pretendiam que eu lhe dava morte fazendo discursos sobre o himen...

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