Monday, July 30, 2007

a pátria deles


não lemos muito a Natália Correia nem nos lembramos de uma frase sequer de coisas de TV onde esta falava de mátria, mas sabemos que o estado é uma coisa de homens, fica ao lado das mulheres, por mais que este se pareça um prolongamento da familia, e mátria não convém porque não se precisa de estado travestido de «estada» - podemos livrar-nos aos poucos da pátria como duma tristeza tonta, porque nós só estamos connosco, com os que cá moram, os que cá vêm - o resto é a simpatia universal, algo abstrata, cidadania paisagistica do mundo, com o ar de quem se preocupa com outros mais próximos ou distantes, porque não nos podemos deixar de sentir da mesma bichesa e da bichesa maior de todos os bichos


os estados eram o pretexto para as guerras deles, para se matarem uns aos outros e se roubarem e pelejarem como cavaleirinhos de Tavolas Redondas e irem-se de casa para ultramares e foder com as ninfas dos cantos nonos


os nossos varões têm um medo que se pelam da domesticidade e de aturarem as neuras das gajas com quem escolheram viver até que uma cena qualquer ou a morte os separe


o país que parece chamar-se Portugal fez-se contra os amores de Tereza, só para lhe dar um ínicio, com o filho, adolescentíssimo, a batalhar até não querer mais só porque a mãe foi amada por alguém quiçá melhor que seu pai nas pelejas da alcova


e a Castro assassinaval só para não nos castelhanarmos na soberania como o pretende el Saramago


a cena repete-se com Leonor de Teles, aleivosíssima segundo as crónicas do Fernão, melhor a dar prazer do que a fazer filhos, quando os nossos reis foram pródigos em aleivosias e bastardices que garantiram novas dinastias e o povo não se alvoraçou


o inferno sexual começou com a Filipa da familia dos Lencastres que já era uma puritana bem antes dos protestantismos e das hipocrisias com que os tipos países do norte da europa disfarçam a falta de apetite pela vida nítida - estaremos a ser racistas? Fez filhos cultos? Educou-os ela? Ou tiveram quem os instruissemo como deve ser. Perguntas sem resposta.


Maria Pia, muito mais tarde, é o protótipo dos inferninhos eclesiásticos, salazarismo antecipado com bufos na esquinas - e bufar, literalmente, é o gesto portuga mais comum, lamento de quem denuncia sem dar o couro ao manifesto


o que é bufar, é expelir ares pelas «bocas» ou pelos cús, é queixume, estafadismo, cansaço, resmunguismo, não estar para aturar mais


damos um belo exemplo desta verve peideira de aljubarrotas encontrado na net como defenição de bufar: depois de comerem aquela jeijoada, fizeram um campeonato pra ver quem bufava mais fedido


teriamos preferido uma terra de bufões, cujo sentido não deve andar longe, mas que é mais despejado e assumido

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