Wednesday, May 30, 2007

os espinhos e a agulha


Cansaram-me as guerrilhas de libertação como se Minotauro nos empurrasse para uma morte falsa despojada de labirintos e para uma casa com lareira e putas.

De qualquer modo nenhum grito alivia o aleivoso lodo.

Sou acossada por uma cosmética irónica, porque nada há fora da cosmética – nenhuma desilusão ou socegado ascetismo nos safa da grande ilusão.

Os espinhos aguçam os prazeres do mais puro veneno da fé.

A honra apenas garante o despeito, porque a honra é a cilada de uma promessa que não procuramos? E as encarniçadas vergonhas procurar-nos-ão como caçadoras vindas de penumbras mitológicas para fazerem respeitar uma ordem de deuses mais antigos que os deuses conhecidos.

A virtude só se aguenta quando afugenta juramentos.

De novo as rudes trompetas bramirão para apelar ao desvelamento dos prados secretos.

Aperfeiçoamo-nos ao fazer vibrar o caduceu interior.

Procurava a desonra como um Cínico ou um discipulo de Gosala. Assim o amor atraí a desonra como um equívoco voluntário e filosófico. E o amante negligenciará higienes, e fará da condição agoirenta uma virtude impiedosa.


A lingua lenta é habilidosa nos desvarios. Sacode a autoridade no acto de entrega – desarma-se para poder procriar evidências.

Não escarrachapes inutilmente as tuas verdades quando é demasiado gritante o fervor das convicções alheias.

Quero evadir-me amorosamente, mas o amor amarra-nos sempre. Queremos ser sózinhos sem estar sózinhos ou estar sózinhos sem ser sózinhos?

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