Wednesday, May 30, 2007

a formosura alheia humilha-nos


Recato-me. Lá fora os garanhões agitam-se.

Há eclipses que curvam os nossos sentimentos.

Faltam-me estratégias galantes porque os designios não são claros. Não sei ainda pôr qualquer ordem nos pensamentos. É na desordem dos pensamentos que me (des)confio.

Mas quando te mostras como um vidro, na transparência das púpilas, há em mim um sujeito contrafeito que se desfaz.

Galopo na antiguidade que desagua em cada fracção desta idade.

Rebaixa-te. Desfigura-te. Arranca-te.

As torres confundiam o nosso orgulho com as mais antigas parábolas.

Não serei escrava do eterno bronze. Prefiro-lhe até as plausíveis raivas que nos afloram tão mortais.

Ignorei o oceano faminto e deixei-me secar como esterco no deserto.

Deixamo-nos deteriorar agrilhados como Prometeu depois de tentar levar o fogo amoroso a todos. Os incêndios convidam a punições exemplares. Não se pode amar genéricamente.

Nem a pedra, nem a terra, nem o mar de aleivosas geografias, me podem fazer esquecer o que a memória ainda não retém completamente...

Porém o antilope apascenta a sua graça no esteio da mais òbvia mortalidade.

O seu poder humillhava-a.

A formosura distorce as preces que a invocam.

Fragilizamo-nos porque queremos florescer.

O mel torna amargo aquele que o não prova.


A formosura alheia humilha-nos depressa.

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