Saturday, August 26, 2006

Bismillah e a Bimbi


A Sónia e eu (ou a Sandra e eu) dividimo-nos entre o afecto por Bismillah e o apetite pela Bimbi. Ah, sim, a Bimbi, um maravilhoso brinquedo para as donas de casa que querem esmerar-se menos (ser dona de casa hoje é um luxo e uma tarefa perfeccionista!) ou para as supermulheres que apesar de supertrabalharem ainda supercozinham, mesmo sem serem sublimes no apuramento dos manjares. Bimbi, bambi, bambini! Somos todos bimbas? Querer ter uma Bimbi, por mais caro que seja este objecto, é mais legitimo do que ter um consolador. Satisfaz mais e deixa mais tempo para outros òcios. Inconvenientes: engorda.

Quanto a Bismillah, morreu enquanto estavamos na praia a ser remoídas por simpáticas ondas. Quando a Sónia era nova descobriu a música de Bismillah Khan num disco de duetos com o violinista V. Gogh (não sei se este é o nome, mas calha ser um Van Gogh indiano do violino). Há no som do Shenai (o instrumento de que Bismillah era o mestre incomparável) uma sensualidade matutina muito diferente do erotismo nocturno. O som é esganiçado como uma nasalização que sobe até ao topo da cabeça a querer saír pelo buraquinho do Sahasrara. Quando estivemos na Índia eu (Sónia) comprei um Shenai, mas não me dei com o instrumento (as palhetas de cana são divertidas). A Sandra prefere o som lento e esbranquiçado do Rudra Vina que arrasta serenamente para o Absoluto em glissandos em nada tímidos.

No comments: