Friday, October 05, 2007

AS VINHAS DA HORA





Às senhoras muito presentes, para usar comigo em meu paladar.

Ela levou-me às suas vinhas e eu abri-lhe o meu lagar.

Ela vem saltando sobre os montes, pulando como uma donzela a fazer-se cabrita, e por onde passa deixa o seu aroma, como uma chuva de flechas amorosas.

Levanta-te, meu amor, formosa ninfa minha, monstra risonha – os deuses despem-se para te ver, e os teus passos fazem o mundo mais amável.

Coroas os aspectos do que te envolve e os olhos daqueles que se gastam em gostanças, e despachas a mezquinhês e há vides em flor e as gazelas e as cervas do campo esticam-se no teatro absoluto da natura.

A minha amada é a minha amada por entre os braços dos bosques que a apertam e quase estrangulam embora seja uma flor abraçável só em delicadeza.

Conjuro-vos, ó filhas especiosas, tal é minha amada por entre as ninfas que conduzem os homens a desesperantes ravinas.

Errom como zebras feridas pelos becos e cais da moda.

Sabes por certo que aí é o bosque, e aí desaperta-se o meu amor, e até da rola se ouvem os gemidos suaves do acasalamento, e sentimos que esta é a nossa terra, onde as forças se retemperam no se desperdiçarem.

Aparecem as flores fendendo a sombra, e debaixo dela me assento mui corpórea e te aguardo com olhos de veada.

Leva-me de casa aos indómitos banquetes, mesmo que nestes se digam ausentes as iguarias, leva-me porque me banqueteie de ir só contigo.

Possa a natureza ajudar os frutos a adoçarem-se em meu paladar. E és suave quande se te acercam as loiças, e os talheres te roçam os lábios e eu me gostaria de ser a sopa que tu provas sem hesitações.

A minha amada é minha, e vem-se.

Erro pela mundanal ordem das excepções.

Pecados verdes, mundo de pelos, estábulo de deuses.


Pomba minha que com as mãos me vestes de um pudor que superlativamente se desfaz.

E debaixo dela me assento, ante olhos velozes e sob os ardentes montes do meu amor.

Formosa minha, vem, faze-te semelhante às cervas do campo desenrolando-te na cama dos arbustos e ainda mais selvagem sobre a minha floresta.

Não acordes com mãos secas. Humedece-me e a aparelha e apruma o teu instrumento afinando-me para as tuas instruções silenciosas.

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