Wednesday, December 12, 2007

depillow-talk






Temos tido vidas dentro das vidas: umas para cada uma de nós a sós, outras para as duas ao mesmo tempo (ai, a reciprocidadezinha!) e finalmente a vida que vai por aí, deveres, amantes, o que nos vem bater à porta e as maçadas do destino. Sobra pouco para a arte e a vida comezinha? Não! Faz tudo parte do mesmo desforço... Da nossa desnaturada natureza. Há os coices, pois há! E a candura de tudo ir sendo, mais ao menos, um amável e admirável falhanço.


Quando nos inserimos (como uma rosquinha) nesse cú-mundo da arte temos a sensação de que os confrontos dialéticos e essas tretas todas já há muito implodiram... pode ser que não, mas é uma sensação que agora parece pertinente - estamos instaladas inquietamente num conforto cínico e não sabemos onde é que começa a arte e o desconhecido e onde é que começa o tricô. Ainda por cima nem sabemos tricotar!


Demos largas à atracção pelas armas de fogo falsas - sentimos que as nossas mamocas, cada vez mais catitamente plásticas, são o equivalente prometaico das pistolas que os míudos compram nas lojas de chineses.


Um desfile de velhas e dignas prostitutas, com as suas modas bizarras - uma ressonância maligna e «querida» que não encontramos nos modelos profissionais.


Não gostamos que se use a condição feminina para a vulgarizar - por isso cá estamos militantemente para as excepções rituais, mesmo muito depois de perder, ou não perder, a virgindade.


Somos irónicas respectivamente, mas desprezamos irónicamente as atitudes masturbadoras de auto-ironia.








O nosso arzinho de arte é sobre aquilo que comunicamos depois da comunicação - a partilha ambiciosa de algo que não rasteja nem nas conversas (e trocadilhos adjacentes), nem nos objectos, nem nas intenções: uma certa vontade de continuar a tagarelar com interlocutores imaginários silênciosamente.

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