Monday, September 11, 2006

sabemos de sobra que nunca teremos uma Obra


num mundo com tanta gente a tentar dizer que sente ou que pense ou que é qualquer coisa que vai deixar um pequeno rasto antes de morrer e antes que outros queiram dizer de uma forma mais, ou menos, contundente, será que vale a pena andar aí armado em dono de incontornável obra, daquelas que os que vêm atrás reverentemente louvam como exemplo do que deve ser?
Sim? Pois, se fizemos alguma coisa de caracá que ela seja das boas, das que merecem afectos ou que os excitem.
Há senhores que foram exemplares no não deixarem migalhas e gorduras a mais. Mas há neles uma vaidade tão comichosa que nos apetece muitas vezes o contrário mesmo - a vida sem limas, excepto se forem para limar as unhas. E por causa disso, mesmo continuando a ser portuguesas, preferimos não habitar nas nossas casinhas pardas, deixando de ser integralmente tugas, sem caír na sanha novo-riquenha. Inventamos um destino mais africanista - há que habitar as ferozes casas leopardas.

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